sábado, 1 de dezembro de 2012

"El Mercado y el Predio Gris"






Sempre que vamos escrever sobre alguma coisa, ou até mesmo sonhar, algo acendeu o estopim desta idéia. Estávamos sentados no terraço do Don Boutique Hotel, em Montevideo, no final da tarde de um sábado, eu e a mulher, que me acompanha desde os meus quinze anos (Tica para os íntimos e para os não íntimos) olhando para o porto de Montevideo e o telhado do Mercado, quando o proprietário do hotel veio conversar conosco. Naquele momento o reconheci como sendo da família proprietária do Restaurante "El Palenque". O interessante que um dos propósitos de nossa viagem foi para degustar o "cochinillo" do seu restaurante. Não perguntei seu nome nem ele perguntou o meu .
Nós conversamos por mais de meia hora sobre vários assuntos relacionados a cidade,  porém o que me marcou foi uma certa melancolia em suas palavras. Atribuí aos relatos sobre o descaso dos governantes com esta região tão apreciada pelos turistas e também pelos moradores locais. Depois de nossa conversa, parei para analisar a conversa e a região.



O Mercado, por demais conhecido, sempre cheio de turistas alegres nos finais de semana. Restaurantes cheios e com as comidas típicas que conhecemos. Movimentado até os finais de tarde, como foi naquele final de turno em que tive a conversa que relatei. O descaso com o Mercado e o Porto está bem demonstrado no lindo prédio da Aduana no outro lado da rua. Denominado pelo meu colega de conversa como "Predio Gris". Este lindo prédio foi terminado na década de trinta, mas a história da Aduana nos remete aos idos de 1779, que foi instalada para regularizar o comércio entre a Espanha e sua colônia.  Cinza pelo descaso, cinza por nunca ter sido lavado ou pintado.Cinza em homenagem a obscuridade dos governos militares que se sucederam em nossos países e também por estes de agora que ajudam tão pouco a iniciativa privada. Concordo com suas afirmativas, e observei realmente que é uma região de pouco policiamento, não há auxílio governamental para novas instalações comerciais.Um abandono de prédios históricos e lindíssimos que ali se encontram deteriorando-se pela ação do tempo. 


Resolvi então caminhar pela região fora do horário do congestionamento dos turistas. Em dois dias observei o Mercado bem cedo, antes da fumaça aparecer nas chaminés de suas Parrillas. Entrei para observar, praticamente junto com os funcionários preparando as mesas e os assados. Ali percebi a verdadeira alegria do local, povoado pelos locais, sem a influência do Medio a Medio. As empanadas (receita)  sendo feitas na rua lateral, os carregadores entregando carnes e peixes, os mozos estendendo a primeira toalha do dia com uma alegria como se fosse um "debut".












Fora do mercado, também cedo encontrei moradores com seu mate, as fruteiras açougues, panaderias e confeitarias sendo abertas. Todo este glamour na beira do Rio da Prata muitas vezes não é visto porque aquela região só é lembrada como passagem turística. Lembrada pelas Parrilladas. Discordo, vale a pena desfrutar com tempo as pequenas coisas e a rotina do lugar. Foram três dias observando apenas esta região desde a abertura e fechamento dos estabelecimentos. 











Voltando ao tema da culinária do prata, saudades da "La Pasiva" da "Plaza Independencia" embaixo do famoso "Palacio Salvo". O simples "pancho comun", com "Panceta"merecem ser degustados. . O "El Fogon" com seus ravioles com "salsa Caruso" e o "super Costillón" também retratam a boa culinária uruguaia, mescla do "Gaucho" e a influência italiana. Nostalgia de uma época não muito distante tanto gastronômica quanto cultural deste país.





Quanto a hospedagem foi nota dez e o escolhemos ao acaso um hotel que ficasse perto do mercado. Recomendo e retornaremos.
Quanto ao cochinillo do "El Palenque" não há superlativos que o graduem. Aproveitem pois não, se arrependerão.
Quanto ao meu colega de conversa, o visitarei em seu restaurante e hotel,de uma maneira anônima,como um turista, porém daquele tipo que nunca viaja com pressa.

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